Festival Brasileiro – Parte IV

Chegando na parte 4 de nosso post, uma cerveja Belga.

Belgian Strong Golden Ale c/ Anis

Mais uma cerveja com especiarias, mas desta vez uma das minhas escolas favoritas: a Belga. Como sou adepto, essa leva teve uso do Candi Sugar – que já foi assunto de alguns posts aqui do blog – com um toque de Anis Estrelado.

História

Falar sobre a história de um estilo tipicamente Belga não é muito fácil, pois estamos falando de centenas de anos de tradição cervejeira. Se pararmos para avaliarmos os estilos Belgas, não encontrariamos cervejas que se adequam ao estilo e sim estilos criados na “tentativa” de adequar as cervejas existentes – enfim, criar as caixinhas para colocar as cervejas, e não o contrário. Os parâmetros citados pelo BJCP – e pelo própria BA –  são relativamente parecidos. Contudo, isso não quer dizer que todas as cervejas que se enquadrem em determinado estilo estão dentro dos parâmetros por eles determinados.

Ao citar a história das cervejas Belgas não podemos deixar de citar uma cerveja e um livro:

1) Duvel – Cervejaria Moortgart: Uma das principais cervejas do estilo, juntamente com Delirium Tremens e outras.

2) Great Beer os Belgium, do renomado autor Michael Jackson. Um livro que fala de muitas cervejarias da Bélgica, principalmente das mais importantes dentre determinados estilos e locais. Com o lançamento desse livro, em 1991, muitas cervejarias ficaram bastante famosas: foi a abertura das portas Bélgica ao mundo. Mas é por merecer: o país possui estilos e variedades maravilhosas, servindo de espelho em suas cervejas. É um livro que vale cada página lida.

Voltando ao estilo Belgian Strong Golden Ale: é uma cerveja leve e clara, alcoólica, com notas de Styrian Goldings/Saaz/Hallertauer, com notas frutadas derivadas do fermento, apresentando um Belgian Lace extremamente persistente. Em suma: é uma cerveja que, se servida com carbonatação alta, torna-se super refrescante.

Ingredientes

Apesar de bastante simples, os ingredientes do estilo Belgian Strong Golden Ale devem ser cuidadosamente selecionados. Conforme várias pesquisas, chegamos as seguintes conclusões:

  • Base de malte pilsen: apesar de se tratar de uma cerveja Ale, o estilo pede características de malte mais suaves.
  • Malte de trigo: este deve ser usado para auxiliar na retenção de espuma. Optamos por ficar entre 20 e 30% (mais alto que algumas cervejas de trigo comerciais!).
  • Malte Melanoidina e Aveia: para adicionar leve complexidade, sendo ambos entre 2 e 4% cada. Lembrem-se que estamos falando de uma cerveja de sabor limpo, então nenhum malte especial adicionado deve sobrepor as características da cerveja!
  • Candi Sugar: Sim! Pelo menos 15% dos fermentáveis. Para os mais ousados, 20% dos fermentáveis. Sobre a cor, fica a critério do cervejeiro, mas nós optamos por um levemente amarelado, algo semelhante a cor ao lado.
  • Anis Estrelado: Foi um ingrediente escolhido de última hora. A adição de anis estrelado deve ser controlada, pois se trata de um ingrediente bastante assertivo. Alguns locais, como o Blog Mad Fermentantionist, citam que uma Saison com outros ingredientes complexos recebe anis na casa de 1gr para 40L nos últimos 5 minutos de fervura. Segundo uma referência do fórum BrewBoard, a Cervejaria Ommegang utiliza algo em torno de 0,003 oz por galão, algo em torno de 1,8gr para 60L de cerveja fervido por 30 min. O próprio BeerSmith cita a fervura do anis por 30 minutos para extração do sabor. Optamos por elevar um pouco esse número, ficando com 4gr para 60L por 5 minutos de fervura. A adição foi feita juntamente com os lúpulos Styrian Goldings e Saaz.

Mostura

Nada de complicado: iniciamos com a parada protéica por cerca de 15 minutos, e fomos direto para a sacarificação, onde ficamos por 75 minutos a 64~65ºC para obtermos uma cerveja mais seca. A fervura foi de 60 minutos com 3 adições de lúpulos: 60 min com magnum, 30 min com Styrian Goldins, 10 min com Styrian Goldings e Saaz, além do anis.

A transferência para o maturador mostrou uma cerveja dentro do esperado. Cor amarelo claro, com aroma frutado do fermento predominante seguido de um leve aroma de anis e sabor um pouco adocicado. Ainda não foi possível avaliar bem a cerveja, devido a quantidade de fermento que ainda não havia decantado.

Boa semana a todos!

Cheers!

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2 Responses to “Festival Brasileiro – Parte IV”

  1. Fabio Gradel
    November 21, 2011 at 04:43 #

    Qual fermento vocês usaram? Tomei uma com amigos aqui no Rio hoje (trouxe de avião do Festival de Blumenau), e ficamos na dúvida (ou melhor, discordamos), eu acho que é alguma cepa belga, certo? Pois achei o aroma extremamente característico das belgas que conheço. Também achei que levava malte de trigo (vim no site de vocês pra confirmar), pra mim ela é quase que uma witbier ‘on steroids’. De início não sentimos o aniz, mas depois que a temperatura subiu, ficou bem pronunciado tanto no aroma quanto no sabor e retrogosto. Gostamos muito, exceto um de meus amigos (pois ele odeia aniz…) Trouxe outras 12 garrafas variadas de vocês, pra uma degustação em breve (essa Belgian Strong Ale, tive que abrir hoje porque foi a única que sofreu no voo, vazou um pouco e tive que antecipar a abertura)

    • November 25, 2011 at 14:01 #

      Fabio, que bom que gostaram da cerveja! Realmente, a pessoa precisa gostar de anis para beber esta cerveja, eheheh…
      O fermento utilizado foi o Wyeast 1388 – Belgian Strong Ale, que dizem ser o mesmo fermento da Duvel. Ano que vem pretendemos fazer uma bem próxima da Duvel, vamos ver no que vai dar. Abraços!

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