Festival Brasileiro – Parte III

Dando sequência aos nossos posts sobre cervejas do Festival, vamos à um mundo peculiar: o das cervejas que maturam em madeira.

Bitter com Carvalho (e Bálsamo!?)

A 3ª das 6 cervejas que serão levadas ao festival, desta vez uma cerveja bastante suave. Pelo que se observa nos Estados Unidos, será a próxima “moda” – depois das atual tendência de cervejas extremas. No Brasil, o Ricardo Rosa, do Blog Cervejarte, falou recentemente sobre sua Fornicalle Bitter, uma Bitter de 4,2% ABV e 32 IBUS. Neste post, citou várias sugestões na produção de uma Bitter. Para os que desejam aventurar-se no mundo das cervejas suaves, com ótima  drinkability, vale a leitura.

História

Na verdade o estilo é muito conhecido, mesmo sendo pouco citado. A maioria das cervejas do movimento CAMRA são Bitters, ou seja, cervejas suaves (3 a 5% ABV) com adições variáveis de lúpulos de aroma, servidas a temperatura ambiente e em barris de madeira com pouca/baixa pressão.

Mas muitos podem perguntar o porque de produzir um estilo tão “simples” ou tão “fraco”. Pensamos que é possível produzir uma cerveja leve e refrescante, que possa ser tomada em quantidade, mas que mantennha aroma de lúpulo médio a alto, não ultrapassando 4,5% ABV. Mantemos a leva com ABV final esperado de 4%, com 25 IBUs.

 

Ingredientes

A base dos maltes é feito com Pale Ale, acompanhado de uma pequena porção de Malte Munich, ambos somando em torno de 75 a 90% do peso de maltes.

Na parte de Maltes Especiais, optamos por apenas 3 tipos, tentando deixar a receita o mais simples possível. Em maior quantidade escolhemos o recente Caramelo 30L da Argentina, já utilizamos em algumas receitas – achamos o sabor dele bastante agradável, com um caramelo bastante suave. Este malte deve ficar na proporção de 6 a 9%. Os outros dois maltes, que ficaram em proporções iguais, foram o Malte Biscuit, para adicionar uma leve característica tostada/biscoito, e o Malte Caramunich, para adicionar um pouco mais de corpo, um leve aroma característico e mais complexidade à cerveja – ambos na faixa de 4 a 6% cada.

A fermentação ficou novamente por conta do London ESB da Wyeast, fermento muito bom e que estava no seu pico de fermentação  na sua 3ª geração.

Brassagem

Há muito tempo não fazíamos uma cerveja simplesmente: parada de Sacarificação seguida de Mashout. Paramos por 60 minutos a 65~66ºC e seguimos para o mashout a 75ºC.

Lupulagem

Esse é o ítem para esta cerveja pois, em uma cerveja bastante leve, pequenas alterações de IBUs podem significar muita coisa. Exemplificando: nossa Bitter ficou com a mesma relação IBU:OG de uma IPA de 7% ABV com 45 IBUs! A base de nossa receita ficou com: Fuggles para Aroma e dry hopping; US Goldings para first wort hopping, Aroma e dry hopping; e Magnum para amargor na adição de 30 minutos.

Nossa seleção de lúpulos foi justamente buscar algo mais tradicional, sem estilos muito exóticos. O first wort hopping já demonstrou muitos bons resultados. Para esta etapa ficamos com o US Goldings, por se parecer bastante com o Styrian Goldings (e pela falta deste último). Apesar do Fuggles ser um lúpulo tipicamente Inglês, não utilizamos-o para o frist worth hopping – optamos por utilizá-lo em maior quantidade no Aroma e dry hopping.

Como o próprio Ricardo Rosa citou no post dele, a relação de % de IBUs adicionados nos diferentes tempos de fervura é muito importante. De nada adiantaria adicionar todo o lúpulo aos 60 minutos – pois todo o aroma seria perdido. Para isso, adicionamos o US Goldings no frist worth hopping, gerando 8 IBUs; o Magnum apenas aos 30 minutos (para o amargor não ficar muito “rasgado”), correspondendo a 12 IBUs; e, por fim, o restante dos IBUs distribuídos pelos lúpulos de aroma, totalizando 5 IBUs. Ou seja, 20% do amargor foi gerado aos 10 minutos finais de fervura, 50% gerado aos 30 minutos finais e 30% gerado no início da fervura.

Barril de bálsamoNossa mais recente aquisição cervejeira foram 2 barris de madeira, um de 5L de Carvalho e outro de 20L de Bálsamo. A notícia ruim para nós, foi ao passar água quente dentro deles e perceber que ambos apresentaram parafina (??) no seu interior! Dificuldades a parte, ambos estão preparados para receber essa nossa leva e serão a forma de servir (parte) da Bitter durante o III Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau. Não percam essa chance de tomar uma Bitter diretamente no Barril de Madeira – o mais próximo que podemos chegar de uma verdadeira CAMRA!

Uma ótima semana à todos!

Cheers!

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