Degustações de um Festival Abstêmio de Caseiros

Desta vez abordaremos de forma mais sucinta, haja visto a quantidade de cerveja degustadas. Infelizmente não consiguimos sentar e fazer devidas anotações sobre cada uma das cervejas – perdõem-me se esqueci de algo.

Walls

42: cor dourado intenso, condimentada, boa formação de espuma. No aroma leve acidez, toques de malte e leve biscoito. No sabor leve acidez (contaminação?), leve amargor predominando o sabor de malte sobre o lúpulo. Boa cerveja, pena que lembrou leve contaminação acética.

saison caipira: cor amarelo palha, bastante clara, baixíssima formação de espuma e sem retenção. Aroma de garapa, malte e suaves condimentos de levedura. O sabor lembra levemente uma mistura de cachaça, poucos ésteres, presença do malte suave e baixíssima lupulagem de amargor. Por  sorte a cerveja ficou bem atenuada, mas uns 5 IBUS a mais tornariam a cerveja mais agradável, assim como maior carbonatação.

Way

Porter Corte Cervejeiro: excelente aroma, lembrando muito chocolate, já o café fica em segundo plano. Ótima retenção de espuma, corpo médio alto devido a aveia na receita, frutas escuras e sabor de nozes/castanhas bastante intensos, doce e amargo balanceados muito bem, sendo que poderia tender um pouco mais ao amargo.

Stout c/ Banana Passas: inverte-se o sentido na anterior, o café fica em primeiro plano seguido pelo chocolate, pouco aroma de fruta, mas o sabor é muito complexo, lembrando fruta passada, mas não banana. As notas de castanhas/nozes são mais sutis que na anterior também, mas o amargor complementado pelo torrado ficou melhor nesta cerveja, deixando o leve dulçor em segundo plano.

Wit Wine: witbier com mosto uvas chardonay, com aroma sutil de coentro e limão/laranja, leve adocicado e leve acidez no after taste. Bela espuma de cor amarelada, relativamente clara para seus 8% ABV, turva, sabor da uva é bastante sutil, mas muito equilibrada. Fugiu um pouco do estilo witbier, principalmente pelo seu teor alcoólico, mas acrescentando a uva durante a fermetação ou mesmo o vinho na maturação traria melhores resultados e mais previsíveis também.

Avelã Porter: espuma bonita e persistente, bastante semelhanças com a Porter Corte do Cervejeiro, tanto na aparência quanto nas características de aroma e sabor, mas esta se complementa por um aroma de avelâs intenso, seguido de rum e cacau, com um leve torrado tendendo mais ao chocolate. Essa mistura fez lembrar um bom chocolate suíço importado, e a integração dos ingredientes é excelente, realmente não tenho sugestões de modificações nessa receita, tanto que me fez adquirir uma das lindas garrafas com esquilos rosas para beber outro dia.

Dama Bier

IPA: maravilhoso aroma cítrico, lembrando muito maracujá, malte em segundo plano tanto no aroma quanto no sabor. Levíssimo diacetil quando esquenta no copo. Retrogosto muito bom, com amargor persistente, perdendo o malte vagarosamente e mantendo o amargor, mas nada agressivo. Melhor cerveja da Dama Bier.

ESB: cor cobre bonita, média retenção e manutenção de espuma, aroma de lúpulo baixo, diacetil moderado, malte caramelo muito bem inserido, melhor do que a própria lupulagem de aroma, a qual deveria ser mais evidente para o estilo. O sabor tem bom amargor, poderia ser mais alto para o estilo e retrogosto muito bem balanceado, tendendo levemente ao amargor. Pena que os lúpulos de aroma realmente não apareceram, os lúpulos escolhidos para aroma foram os que notamos baixíssimo aroma já de origem no fornecedor e infelizmente a cervejaria saiu perdendo com essas escolhas. A garrafa apresenta o rótulo mais bonito do Festival deste ano, uma velinha babona estilo grafiti (como se pode ver ao lado), realmente um trabalho impressionante!

Stout: cor preto opaco, boa retenção de espuma. Aroma de café e chocolate, torrado e leve frutas escuras. Sabor bastante intenso de café e chocolate, praticamente na mesma medida, bom balanço entre torrado, doce e amargor, não deixando prevalecer nenhum, inclusive no retrogosto, muito balanceada. Quem sabe se aumentar um pouco o amargor e o torrado deixariam a cerveja ainda mais impressionante. Cerveja muito bem estruturada, belo exemplar do estilo, fácil para trazer pessoas que não conheçam o estilo pela alta drinkability.

Morada

Belíssimos experimentos com madeiras em cervejas, ainda mais com uma Wheat Wine, mas algumas madeiras ficaram mais evidêntes do que outras, como a amburana, estava no ponto; a cabreúva, estava muito sutíl. Mas a melhor experimental deles que provamos foi a cerveja com grãos de café gourmet, uma American Blonde Ale, que mais parecia uma American Pale Ale, mas com notas intensas de café, aromática demais, e bem acompanhada de uma boa pegada de lúpulo cítricos, e que por mais surpreendente que possa ser, harmonizou muito bem com o café. Parabéns pelos experimentos.

Colorado

Vixnu: cor leve acobreado com boa retenção de espuma e boa carbonatação, aroma cítrico intenso com bastante maracujá. Cerveja muito fresca. Sabor excelente, muito bom balanço entre malte, álcool e amargor, escondendo fácil seu potente teor acoólico. Retrogosto com evidência do amargor, mas sem prejudicar o conjunto. Ótima cerveja e belíssimo exemplar do estilo.

Berthô: cerveja com baixa retenção de espuma, média-baixa carbonatação, quase a temperatura ambiente. Pouquíssimo aroma, leve castanha/amêndoas, leve oxidação. Houve algum problema com esse exemplar, não estava legal a cerveja, baixo amargor para uma American Brown Ale, quase sem lúpulo de aroma. Não gostei, ouvi falar muito bem dela, tive azar.

Ithaca: bonita cerveja, preto opaco, espuma bege escuro, quase marron. Aroma intenso de torrado, café, chocolate e caramelo bastante presente também. A mais complexa da cervejaria, e muito bem inserida no estilo. Poderia quem sabe pender um pouco menos para o dulçor, reduzindo a atenuação da cerveja, pois a relação torrado e amargor está interessante.

Kienze Ruw

American IPA: modesta cervejaria de Brusque que está com o colega Luiz Bernadino no controle das panelas, e fazendo um ótimo serviço. Confesso que não esperava isso tudo da cerveja, mas ela me surpreendeu demais. Cor leve acobreado, espuma de ótima retenção e formação, aroma intenso cítrico com leve maracujá e algo de tangerina bastante interessante e diferente do restante das AIPAs degustadas no festival, levíssimo diacetil. A única sugestão era fazer o amargor persistir por mais tempo na boca, quem sabe um first wort hopping de leve traria bons resultados, mas o conjunto dela está fenomenal. Junto com a Dama Bier, as melhores AIPAs do Festival.

Bierland

Pale Ale: modesta, moderado cítrico, simples, médio baixo corpo, bem atenuada.

Bruxa: surpreendente, aromatico, banana e tutti-fruti no aroma, cravo no sabor, o Wyeast 1214 fez um ótimo trabalho ai

Seasons

Green Cow: bonita espuma de média baixa persistencia, mas com uma película persitente, a amostra estava bastante gelada, mesmo assim apresentava aroma cítrico e de maracujá intensos. Levemente turva, diacetil moderado e que apareceu conforme ia esquentando no copo. Excelente, como sempre a degustamos, sugeriria baixar a temperatura de fermentação, para dimiuir o diacetil, mas isso é gosto pessoal e a cerveja está muito bem inserida no estilo.

Wit Gruit: bela proposta da cervejaria, com notas intensas de malte, condimentada e com muito sabor de especiarias. Nota-se a sálvia, que parecia bastante com alecrim apesar não te-lo na formulação, baixíssimo amargor dado pela Artemisia (também não detectei que era dai o amargor, mas me foi informado) e leve retrogosto de gengibre. Interessante, mas com o esquentar da cerveja foi ficando enjoativa e muito doce, quem sabe manter a proposta de uma Witbier simples e não uma de 8% se enquadraria melhor para o conjunto, pois é difícil fazer uma cerveja sem lúpulos e de alto teor alcoólico. Outra sugestão seria o mil-folhas (vulgo yarrow) para o amargor, que fica mais intenso e balancearia melhor a Artemisia na cerveja.

Espero ter divido estas experiências interessantes e gratificantes com vocês. Para as boas cervejas, ficam as dicas!

Cheers!

 

 

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