Identidade Cervejeira Nacional

Boa noite, gente! Antes que alguém pergunte, sim, eu tinha ficado de fazer um post sobre Fabricação de Cerveja, um post básico. Vou me focar nisso em outra semana, para poder me dedicar à algo que acho muito relevante, e tem sido notícia entre cervejeiros artesanais: a tal da Identidade Cervejeira Nacional. Vou abordar esse tema sobre basicamente dois aspectos: primeiramente, sobre a possibilidade da existência de identidade e, ainda, focando em possibilidades que acredito que existam neste território tupiniquim.

O conceito de identidade de países parece bem claro, e pode ser percebido em várias falas. É como dizer que os alemães são os reis da precisão e da burocracia; os irlandeses seriam todos beberrões; os americanos, pragmáticos e pouco teóricos; os italianos, amantes e apaixonados por massa; e por aí poderíamos ir colocando uma série de possíveis identidades de países do mundo afora. E o Brasil, seria o que? Bem, o Brasil é o local do chimarrão, não? Acho que não. Então seria o local do barzinho, da marola, do futvolei? Acho que não. Então seria a terra do cajá, murici, do açaí? Também não. Com um exemplo simples, como do nosso próprio país, já fica mais fácil perceber como o discurso da identidade nacional vai por terra. Explico com mais calma: toda identidade é opressora e exclusora. Ao escolher determinada dimensão como “a dimensão” de um país, exclui diversas outras que o compõe. Voltando à Alemanha: dizer que a Alemanha é a terra da Rauchbier, ou só da Munich Helles, ou ainda da Weizen, é excluir maravilhas alemãs como Steinbiers, Lemon Biers, Breyhan, entre outros, como o Daniel já explicou em post passado.

Dessa forma, chego ao core do meu post: não convém ao Brasil ter uma identidade definida, focada, centrada no mundo cervejeiro. Observe a escola Americana: é focada, basicamente, na diversidade e, em alguns casos, no exagero – duas dimensões completamente abstratas, que são exploradas pelas suas cervejarias das formais mais diversas, como no caso da Anchor Steam e Flying dog.

Nos exemplos brasileiros que dei, podemos chegar à este foco de diversidade que falei. Como faríamos isso? Para mim, as respostas está nas Cervejaria Artesanais, Nanocervejarias e Cervejeiros Caseiro. Explore elementos, ingredientes, tradições de sua região, e utilize isso na sua cerveja. Alguns bons exemplos vem à minha cabeça: as cervejas inspiradouras e ganhadoras do Concurso Interno da Acerva Mineira, entre elas cervejas com doce de leite, boldo, fumo de rolo, e muito mais; pimenta-rosa na São Sebá, ganhadora do último Concurso Mestre Cervejeiro da Eisenbahn;o uso de levedura originária de alambiques na fabricação das CarolWeiss, pela cervejaria-escola Taberna do Vale, de Minas Gerais; o uso de madeira de goiabeira para a fabricação de malte defumado, por Douglas Rodrigues, de Blumenau; a utilização de várias ervas diferentes em uma wit bier, dando à ela características de garrafada (como se chamavam os remédios caseiros elaborados por barbeiros-cirurgiões), pela Traíra Cervejaria, de Max Prujanski, de Florianópolis; e n outros exemplos que vou me esquecer aqui. Estes casos não identificam a identidade da cerveja no Brasil, mas a vontade das pessoas em inovar, procurar novos sabores, explorar o mundo das pessoas atrás de novas e melhores cervejas.

Essa semana fui um pouco mais sucinto e direto. Prefiri não florear muito, e chegar ao ponto que andava me incomodando em e-mails e posts lidos em outros blogs.

E vocês, o que dizem? Comentem aqui, sucitem a discussão que retomo isso em outra hora ainda.

Um abraço e ótima semana!

Cheers!

 

Fotos

 

Fontes

 

http://www.concursomestrecervejeiro.com.br/
http://www.tabernadovale.com.br/
http://www.academiadacerveja.com.br/noticias/233-quinta-bica

 

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4 Responses to “Identidade Cervejeira Nacional”

  1. wiliam oliveira
    June 16, 2011 at 21:57 #

    gostei.
    valorizar as brejas brasucas, so para lembrar que a Biertruppe, eisenbahn entre outras, estão em meios as top mundiais em sites feitos e visitados pelos os amantes de cervejas artesanais.

  2. Mariano
    August 28, 2011 at 21:03 #

    ola Drei Adler brauerei!

    sou um Amazonida (Paraense) radiacado nos EUA, onde aprendi a “brew” cervejas, estou maravilhado com esse artigo, pois sempre pensei em fazer uma cerveja tipo “golden Ale” com alguma fruta tipica da amazonia,e entre as frutas q vc mencionou, o Muruci eh algo q me lembra muito uma saison q provei a um tempo atras…meu sonho eh montar uma nano cervejaria e realizar intercambios cervejeiros possibilitando um fluxo de informacao e sabores entre as microcrevejarias do Brasil

    • August 29, 2011 at 02:39 #

      Poxa, Mariano, fico feliz demais com seu comentário! É exatamente isso que penso: um mundo onde possamos interagir, trocar experiências e vivências para a produção de cervejas cada vez melhores! E fique de olho, logo mando mais um artigo desses!

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  1. Cerveja e o Movimento Modernista Brasileiro « Rotenfuss Bier - August 4, 2011

    […] http://dreiadler.com.br/inside/?p=297 […]

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